dia 5 de outubro de 2024.
Em março, autoridades da província chinesa de Anhui ordenaram a remoção de cruzes de uma igreja em Yongqing, citando riscos de “segurança” não especificados, apesar do fato de as cruzes estarem no local com segurança há anos.
De acordo com o jornal britânico The Telegraph, o grupo norte-americano ChinaAid alegou que a ordem não tinha base legal e pode ter vindo de autoridades superiores.
Este incidente foi destacado em um relatório da Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), que acusou a China de reforçar o controle sobre a religião, particularmente o cristianismo católico e protestante, removendo cruzes, substituindo imagens religiosas por imagens políticas e censurando textos religiosos.
O relatório observou exemplos de igrejas substituindo imagens de Jesus e da Virgem Maria por fotos do presidente Xi Jinping. Algumas igrejas foram até mesmo forçadas a exibir slogans do Partido Comunista Chinês (PCC) e ensinar ideologia partidária durante os cultos, substituindo ensinamentos religiosos tradicionais.
Sob a liderança de Xi, a China intensificou esforços para “sinicizar” a religião, pressionando organizações religiosas a se alinharem aos valores do PCC. Essa repressão afetou budistas, católicos, protestantes, muçulmanos e taoístas, com muitos elementos religiosos sendo expurgados por não se alinharem à agenda do estado.
Restrições à prática religiosa pioraram desde 2018, à medida que regulamentações revisadas sobre assuntos religiosos impuseram um controle governamental mais rigoroso. Isso afetou particularmente as “igrejas domésticas” informais que não são sancionadas pelo estado, levando ao aumento da vigilância, fechamentos e prisões de líderes religiosos.
Cristãos na China relataram vigilância intensificada, com proprietários comerciais se recusando a alugar espaço para igrejas não autorizadas sob pressão das autoridades. Crianças também são estritamente proibidas de participar de educação religiosa, com o estado aplicando agressivamente essas regras.
Alguns cristãos, como o dono da fábrica Wu Lixin, fugiram da China devido ao assédio das autoridades. Wu contou que foi convocado para interrogatório policial e enfrentou frequentes batidas em reuniões religiosas. Seu filho até enfrentou discriminação no local de trabalho devido às suas crenças.
A polícia interrompeu inúmeras atividades da igreja, de cerimônias de batismo a reuniões regulares, e forçou os cristãos a adotar práticas clandestinas, como se reunir em hotéis ou casas de chá. Apesar desses esforços, muitos fiéis foram forçados a parar de praticar ou fugir do país.
Líderes e membros da igreja são regularmente monitorados e assediados, com a polícia cortando energia para reuniões e encerrando contratos de aluguel. Pais em particular enfrentam dificuldades, pois são proibidos de ensinar sua fé aos filhos.
O governo chinês negou as alegações, alegando que o relatório da USCIRF distorce fatos e que o país protege a liberdade de religião. A China insiste que suas políticas religiosas são legais e garantem a liberdade religiosa para todos os cidadãos.
Publicado pelo Malay Mail, dia 5 de outubro de 2024.