“[…] Devo ainda vos chamar a atenção para outra tática de nossos adversários: a de procurar comprometer os espíritas, induzindo-os a se afastarem do verdadeiro objetivo da Doutrina, que é o da moral, para abordarem questões que não são de sua competência e que poderiam, com toda razão, despertar suscetibilidades e desconfianças. Também não vos deixeis cair nessa armadilha; afastai cuidadosamente de vossas reuniões tudo quanto disser respeito à política e às questões irritantes; nesse caso, as discussões não levarão a nada e apenas suscitarão embaraços, enquanto ninguém questionará a moral, quando ela for boa. Procurai, no Espiritismo, aquilo que vos pode melhorar; eis o essencial. Quando os homens forem melhores, as reformas sociais verdadeiramente úteis serão uma consequência natural. […]
Allan Kardec Revista Espírita, fev. 1862.
A menos de um mês das próximas eleições, que ocorrerá no dia 02 de outubro, os ânimos se acirram e as discussões crescem, comprometendo os espíritas a se afastarem do verdadeiro objetivo da doutrina, como nos recomenda o insigne Codificador Allan Kardec na mensagem acima.
A situação se agrava quando, nas lides do movimento espírita da USE, dirigentes incautos postam nas redes sociais, supostas mensagens mediúnicas e abaixo-assinados contra ou a favor deste ou daquele candidatos, causando indignação de partes opostas, criando cisões e afastamento do trabalho de Unificação.
As instituições espíritas, em sua maioria, trazem nos seus estatutos a condição “apolítica e apartidária”, bem como não ter qualquer discriminação de cor, raça, sexo, credo etc, pois a missão do Espiritismo é atender a toda Humanidade, e não apenas a um grupo de pessoas.
Além disso, a doutrina espírita sempre alertou a respeito de pseudorrevelações, principalmente no que se refere à missão de homens e mulheres. O verdadeiro missionário desconhece a sua missão. No estágio em que se encontra a Terra, composta por pessoas com dificuldades a serem vencidas, ainda sujeitas a erros e enganos, é um equívoco apontar alguém como um “missionário”.
A USE não recomenda que as instituições espíritas se posicionem politicamente contra ou a favor de qualquer candidato, constrangendo os que frequentam ou mesmo os que acompanham as atividades do centro espírita. O dirigente espírita por sua vez, precisa também ter cuidado em suas exposições político-partidárias, pois são pessoas públicas e representam instituições ou órgãos de unificação.
Todos têm o direito de se expressar, mas quando estas posições causam conflitos, geram discórdias e favorecem a polarização, colocamos interesses outros à frente da causa espírita.
Kardec orientava os espíritas agirem com moderação, vencendo as provocações, que são armadilhas para desviar da verdadeira Missão dos Espíritas que é aprimorar-se moralmente, vivenciar na prática da sua conduta os ensinos dos Espíritos Superiores e zelar pela divulgação do Espiritismo.
São Paulo, 16 de setembro de 2022
UNIÃO DAS SOCIEDADES ESPÍRITAS DO ESTADO DE SÃO PAULO