Katia Penteado*
Ano novo é sempre momento de expectativa, de sonhos, de previsões que nem sempre se concretizam. A meta é ter sucesso, ser feliz, realizar-se! Mas o que é que isso de fato significa? Muitas vezes, na pressa de conseguirmos o que queremos, esquecemos de atentar aos detalhes, e nos autossabotamos, atropelamos o outro ou, como aconteceu em 2020, somos surpreendidos pelos acontecimentos.
Estamos encarnados para aprender e evoluir. Venceremos os obstáculos desde que mantenhamos o foco e construamos os aprendizados necessários.
Para os projetos acontecerem, temos de agir em benefício da concretização. Na perfeita criação divina, temos de fazer a nossa parte, para que o resto nos seja dado por acréscimo da misericórdia. Temos de ser proativos, pois a Lei Divina é sempre reativa. Ou se preferir, a toda consequência corresponde uma causa.
Convido-o também a caminharmos com a reflexão por um outro caminho…
Todos, de alguma forma, temos prazer e até predileção especial por exercícios de futurologia. Falamos do amanhã, fazendo planos, alguns mirabolantes, e nos vemos sempre em situação muito melhor – mas exatamente como somos hoje, apenas mais ricos, mais respeitados socialmente, em melhores condições de praticar a caridade material, em viagens infindáveis, em locais paradisíacos etc.
Desse projeto também fazem parte a paz mundial, a integração de fato entre os povos, o fim dos preconceitos e das injustiças, a cura de todas as doenças morais e físicas, entre muitos outros prognósticos. Enfim, em nossa construção do futuro está a imagem do mundo ideal, aquele admirável mundo novo, sonhado pelo Homem desde os tempos mais remotos.
Nada contra o sonho, mas há um ponto nesses nossos sonhos que merece ser mais bem analisado. É aquela parte em que dizemos ou pensamos em estarmos lá adiante “exatamente como somos hoje”. E aqui vale uma provocação: será possível conseguirmos criar um mundo melhor se continuarmos o ser humano que somos hoje, com nossos comportamentos, defeitos e qualidades que formam nossa complexa personalidade?
E que tal irmos além: Será que se continuarmos como somos, conquistaremos novos espaços? E se conquistarmos via aquilo que é chamado de “golpe de sorte” (como ganhar na Megasena), teremos condições de mantê-lo?
A resposta é natural, inquestionável e absoluta: Não! Não manteremos – e as histórias de quem ganhou fortunas comprovam isso.
Então, retoma-se à provocação: temos de nos tornar outras pessoas?
O interessante é que mudamos mais do que imaginamos, apenas em ritmo lento, vagarosamente, uma vez que nem sempre nos dispomos a mudanças com bom ânimo, mas por exigências externas, como a necessidade de um emprego, a conquista de uma companhia, o relacionamento com os filhos, parentes e agregados etc. Soma-se a isto que também temos uma predileção especial em dizer que somos como somos, que mudar é difícil, e tantas outras frases semelhantes, conhecidas de todos nós.
Mas a cada dia, uma nova consciência se faz presente, alertando-nos de que se queremos um mundo novo, precisamos fazer a parte que nos cabe, afetando positivamente e pela nossa transformação o meio em que estamos inseridos.
Desse modo, retomamos o questionamento inicial: Ano novo é sinônimo de vida nova? E a resposta é clara: depende do que precisa ser mudado. Há muitas coisas a serem conservadas, preservadas, mas há comportamentos, ideias, visões de vida e de mundo que precisam ser adequadas a uma nova realidade, a um novo projeto de futuro, seja ele próximo ou distante.
A experiência mostra a todos nós que mudanças rápidas e radicais não nos levam a lugar algum. As mudanças têm de ser conscientes, pensadas, refletidas.
Feliz ano novo, feliz vida nova, feliz futuro novo, mas feliz preservação também do que de bom existe.
E como estamos iniciando o ano, que tal aceitar um convite para começar a estudar a Doutrina Espírita ou aprofundar seus estudos doutrinários, presencial ou virtualmente?
*Katia Penteado é expositora de Doutrina Espírita e, entre outras funções, está Diretora do Departamento de Cultura e Estudos Espíritas do CCDPE-ECM
Sugestões de leitura em obras de Allan Kardec, que subsidiaram a autora no artigo:
- O Evangelho Segundo o Espiritismo
- O ponto de vista – Cap. II – itens 5 a 7
- O Homem de bem – Cap. XVII – item 3
- O homem no mundo – Cap. XVII – item 10
- Ajuda-te o céu te ajudará – Cap. XXV –
- O Livro dos Espíritos
- Influência do Espiritismo no progresso – questões de 798 a 802
- Livre-arbítrio – questões de 843 a 850
- Resumo Teórico do móvel das ações humanas – questão 872
- Conhecimento de si mesmo – questões 919 e 919a
- A Gênese – Teoria da Presciência – Cap. XVI
One thought on “Ano novo, vida nova”
Excelente artigo. Todos nós precisamos refletir sobre tudo que você escreveu. Obrigada.
Rosemeire, obrigada pelo seu carinho e atenção! A reflexão precisa ser permanente, pois ela expande nossa consciência e aclara o caminho evolutivo.
Abraços!
Katia
Profunda reflexão de olharmos para nós mesmos e descobrirmos a felicidade que já está dentro de nós, mas muitas das vezes abafadas em procura de algo diferente, em outro lugar.
Muito obrigado
Matheus, obrigada, caríssimo, pelo carinho. Temos tudo em nós, afinal somos criação divina. Só é preciso nos descortinarmos… Abçs